Precisamos falar sobre o Clube da Luta
Ricardo Calil
“A primeira regra do Clube da Luta é: você não fala sobre o Clube da Luta. A segunda regra do Clube da Luta é: você não fala sobre o Clube da Luta”.
Mas sobre o Clube da Luta do vídeo acima nós precisamos falar. Porque, ao contrário do que ocorre no livro de Chuck Palahniuk e no filme de David Fincher, os participantes desse clube não estão brigando por livre e espontânea vontade. Eles são presos de uma delegacia de Juruá, interior do Amazonas, obrigados a se atracar por ordem do delegado Daniel Pedreiro de Andrade (acusado por abuso sexual contra cinco meninas).
Policiais costumam ser vistos como meros cumpridores de ordem. Mas eles podem ser extremamente criativos quando se trata de inventar novas formas de esculacho. No vídeo em que brinca de juiz de MMA, en vez de entrar no ringue, o delegado criou uma forma de abuso bastante original (e provavelmente criminosa): ostentar virilidade com o corpo alheio. Psiquiatras o classificariam como sádico. Na terra do Videota, ele seria chamado de covarde.
No fundo, o vídeo lembra menos o filme com Brad Pitt, menos as lutas do UFC, e mais aquele velho sambinha do Bezerra: “Você com o revólver na mão é um bicho feroz, feroz/ Sem ele anda rebolando, até muda de voz”.