São Paulo apresenta: “A Espuma Assassina”
Ricardo Calil
O potencial de São Paulo como cenário de terror apocalíptico ainda não foi devidamente explorado pelo cinema. Poluição, falta de água, guerra no trânsito, zumbis da Cracolândia, gangues de bandidos, gangues de policiais… Está tudo pronto e dominado. É chegar e filmar.
A pujança de São Paulo se manifesta hoje, sobretudo, no horror. Só que o cinema ainda não deu conta (a literatura sim, como prova ''Fuligem: Terrores Paulistas'', de Tiago Teixeira). Ok, houve ''Ensaio sobre a Cegueira'', de Fernando Meirelles, há não muito tempo. Mas, com o perdão da rima, era um filme de terror que passou pelo raio gourmetizador.
O vídeo acima, que mostra a espuma da poluição do Rio Tietê invadindo a pequena Pirapora do Bom Jesus, indica que São Paulo é forte candidata a um remake de ''A Bruma Assassina'' (1980). Nesse clássico de John Carpenter, um nevoeiro infestado por fantasmas de piratas invade uma pequena vila para se vingar dos descendentes dos assassinos dos velhos homens do mar.
Na versão paulista, a Espuma Assassina poderia, por exemplo, ser habitada pelos espíritos de índios mortos por bandeirantes, e o primeiro alvo de sua fúria seria a linda estátua do Borba Gato na Avenida Santo Amaro.