Um vídeo para resgatar a fé na humanidade
Ricardo Calil
Há algo de ficção científica neste vídeo de resgate de imigrantes naufragados no Mar Mediterrâneo, na costa da Líbia. Talvez seja a roupa branca dos Médicos sem Fronteiras, que lembra a dos astronautas de ''2001 – Uma Odisseia no Espaço''. Há um tanto de filme de guerra também, um caos de barcos e helicópteros que remete a ''Apocalypse Now''. E, claro, há muito de filme catástrofe, especificamente aqueles de naufrágio que lidam com o horror do afogamento, como ''O Destino do Poseidon''.
Mas essa catástrofe é bastante real. E cotidiana. Neste ano, mais de 2 mil imigrantes e refugiados africanos morreram afogados apenas no Mediterrâneo, em tentativas de chegar à Europa de barco. No caso do vídeo acima, realizado no último dia 5, a maioria dos 700 naufragados foi resgatada por barcos do grupo humanitário Médicos Sem Fronteiras, das Marinhas da Itália e da Irlanda. Mas dezenas deles não tiveram a mesma sorte.
Ao final do vídeo, uma menina de apenas 1 ano é entregue do bote ao barco Dignity 1, dos Médicos Sem Fronteiras. Sem se mexer em uma boia cor de rosa, ela parece morta. Mas o grupo humanitário esclareceu em sua página no Facebook que a pequena Azeel sobreviveu graças aos esforços de seu pai; a mãe também está viva, embora em estado de choque.
Três dias depois do resgate do vídeo acima, seis haitianos foram baleados em São Paulo, em dois ataques distintos, supostamente motivados por xenofobia. Ver o vídeo dos Médicos Sem Fronteiras é resgatar um pouco da fé na humanidade – e nos lembrar que a maneira como recebemos nossos imigrantes é uma escolha.