Rap é indígena, é criança, é animal, é família
Ricardo Calil
Primeiro, foi o Twitter. No começo do ano, o serviço de mensagens curtas divulgou o resultado de uma pesquisa sobre os gêneros musicais mais populares do mundo, de acordo com as mensagens postadas por seus usuários. Deu rap na cabeça.
Agora é a vez do Spotify. A plataforma de streaming anunciou nesta semana os dados de seu mais recente ''Mapa-Mundi Musical'', que analisa todas as execuções em mil do planeta. Conclusão? O rap é o ritmo mais ouvido da Terra.
Vai longe o tempo em que o hip hop era coisa do gueto – e, portanto, alvo de desconfiança e discriminação. Apesar do purismo de alguns, hoje o rap é feito por todos e para todos. Se você duvida, basta dar uma olhada em um punhado de vídeos que circula pela internet.
Um deles é o clipe da música ''Koangagua'', do grupo indígena Brô MC's. Formado em 2009 por quatro jovens das aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados (Mato Grosso do Sul), o grupo canta em português e guarani – e o rap soa lindamente na língua indígena. ''Koangagua'' (Nos dias de hoje) é seu terceiro clipe, produzido pela TV Guateka (canal de internet criado para divulgar a cultura indígena), com apoio do fotógrafo suíço Yan Gross e da Central Única das Favelas do MS. A letra defende os valores indígenas e critica jornais e televisão.
O clipe chama atenção pela naturalidade com que os indígenas assumem para si os as posturas, as roupas e, por que não?, os clichês do hip hop.
O rap continua sendo compromisso. Mas, como bom produto de massa, hoje ele é também uma brincadeira de criança.
Já o scratch é uma coisa fofa – afinal, quem precisa de DJs quando se tem gatinhos?
E o beatbox se tornou um passatempo familiar – como se vê nessa épica batalha entre pai e filha.