Entendeu ou quer que eu mostre o vídeo?
Ricardo Calil
Campanhas institucionais não precisam ser chatas. Ou melhor: elas precisam não ser chatas. Justamente porque não vendem um produto ''sexy'', com excesso de açúcar, de gostosura ou de velocidade. Ao contrário, elas precisam dizer que você deve maneirar sua gula, usar camisinha, tirar o pé do acelerador e assim por diante.
Poucas campanhas conseguem o feito de educar e, ao mesmo tempo, chamar a atenção do espectador. Na Austrália, o TAC (Transport Accident Commission Victoria) se notabilizou por fazer isso regularmente há 25 anos.
Em 2012, eles lançaram uma campanha defendendo a redução da velocidade nas ruas, sobretudo de motos. O vídeo mostra, com detalhes gráficos, a diferença entre dirigir a 68 km/h ou a 60 km/h na hora de evitar uma colisão.
A sacada é simples, mas faz toda a diferença: apresentar o acidente, e suas trágicas consequências, de trás para frente, em câmera lenta – em um efeito que tem algo de ''Matrix''.
A campanha vem bem a calhar para a discussão sobre a redução da velocidade nas marginais de São Paulo. É quase um ''entendeu ou quer que eu desenhe?''. Ou antes: ''entendeu ou quer que eu mostre o vídeo australiano?''
Ao ver um vídeo como esse, fica absolutamente cristalina a diferença vital que 8 km/h podem fazer. Imagine, então, 20 km/h. Claro que, diante dele, sempre haverá algum paulistano para dizer: tinha mais é que quebrar o pescoço! Ainda mais se a vítima for um motoboy. Mas, para esses, não há campanha que resolva.
A Prefeitura de São Paulo bem que poderia dar uma olhada no trabalho da TAC. Pode começar com o vídeo abaixo, que compila cenas de 20 anos de campanhas. Porque não basta fazer a política certa, tem que comunicar direito.