Taiwanês que rasgou quadro é Mr. Bean real
Ricardo Calil
É uma cena clássica em várias comédias pastelão: um personagem atrapalhado encontra uma obra de arte valiosíssima e a destrói acidentalmente do jeito mais ridículo possível.
O primeiro exemplo que me vem à cabeça é o de Mr. Bean espirrando no quadro ''Arranjo em Cinza e Preto número 1'', de James McNeill Whistler – mais conhecido como ''A Mãe de Whistler'' e já chamado de ''a Monalisa americana''. No filme ''Bean'' (1997), o comediante ainda passa removedor e desenha uma caricatura a canetinha na pintura. A comédia nasce da tensão entre a descoordenação (mental, motora) do personagem e o valor altíssimo da obra.
É curioso notar que o humor se perde completamente quando uma cena parecida acontece na vida real – como no caso do garoto taiwanês de 12 anos que tropeçou em um museu de Taipei e rasgou a tela de ''Flores'', pintura do italiano Paolo Porpora com mais de 350 anos de idade e avaliada em US$ 1,5 milhão (R$ 5,3 milhões).
A cena real também é ridícula. Como qualquer outro ser humano, o garoto olha para os lados torcendo para que ninguém tenha visto o tropeço. Quem nunca? Mas não há comédia longe da ficção. A sensação é de desconsolo, de uma enorme tristeza pelo azar do garoto.
A primeira boa notícia é que o seguro cobriu o restauro, e ele não foi feito pela espanhola Cecília Gimenez, ''a pior restauradora do mundo''. A segunda é que o moleque pode ser o mais famoso destruidor de arte do momento, mas ele está longe de estar sozinho: existe uma longa lista de pessoas atrapalhadas arruinando obras-primas ao longo da história. Bem-vindo ao clube.