Playboy do Tratamento, barões e novinhas
Ricardo Calil
A grande crônica de costumes deste início de século 21 não será feita pela literatura (apesar do brilhantismo de nomes como Antônio Prata e Gregório Duvivier). Não será feita pela TV, nem pelo cinema e muito menos pela TV. Ela será feita na primeira pessoa, nos vídeos virais. Se alguém, por exemplo, quiser refletir sobre a nossa obsessão com a forma física, não haverá uma crônica melhor do que os vídeos do fisiculturista André Mahalo, também conhecido como ''Playboy do Tratamento''.
Nenhum roteirista seria capaz de inventar as expressões criadas por Mahalo: ''vamos botar os cavalos pra lombrar'', ''as novinhas viajam no Playboy aqui'', ''olha o animal que eu fiquei, Barão'', ''esse é o tratamento pra esbagaçar'', ''é tudo nosso e nada dele'', ''eu vim para aparecer e quem não gostou que se manifeste''. Nenhum ator seria capaz de interpretar esse personagem com a graça e a fúria peculiares de seu inventor.
O mais perto que o cinema chegou disso foi com o psicótico personagem Travis Bickle interpretado por Robert De Niro em ''Taxi Driver'' (1975). Mas o filme de Martin Scorsese só tinha uma frase inesquecível: ''Are you talkin' to me?'' Os vídeos do Playboy do Tratamento têm quatro ou cinco cada. E, como todo viral marcante, eles já foram homenageados em uma série de paródias.